Porque vocês não precisam de cotas (e muito menos de pena) para que o resto do mundo se orgulhe da cor de pele que representa, hoje e ontem, a dor, o sofrimento, a fome, a miséria, a escravidão, as favelas, a violência, a maior torcida do país, e o samba, a alegria, a força, a superação, em todos os aspectos.
Apesar das descendências italiana, espanhola e portuguesa, e da consequente falta de melanina, eu tenho muito orgulho de ter sangue de preto, e de alguma forma, eu tenho, você tem, nós todos temos; nem que seja sangue de criação - eu fui criada pela Ana - nem que seja musical, - o samba de preto velho corre nas minhas veias desde criança.
Dignos da minha pena são os que, tanto há 600 anos atrás, quanto ainda hoje, acreditam na diferença que implica superioridade de algum homem sobre o outro, sejam homossexuais, pretos, amarelos, feios, gordos, amputados, pobres. Mas esses são pra outro dia...hoje é o dia é de vocês. Parabéns e obrigada por terem chegado tão longe e também tão perto de um mundo mais justo, ou no mínimo, menos estúpido.
E obrigada também a minha mãe e meu pai, que desde pequenininha me ensinaram a tratar todas as pessoas igualmente e com respeito, a Ana e toda a sua família; o mendigo na rua; os funcionários da limpeza; e sempre da melhor maneira que se há para ensinar alguém: dando o exemplo.
E deixo vocês com uma bênção do branco mais preto do Brasil. Saravá!
"O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocês
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
É um,é dois, é três
É cem, é mil a batucar
O morro não tem vez
Mas se derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar..."
Vinicius de Moraes
2 comentários:
De arrepiar, Robs!
EXCELENTE texto!
beijooos, meu bem!
Faço das suas palavras a minha afirmação! Saravá!
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