sábado, 29 de maio de 2010

estatuto universal


ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Talvez seja a melhor coisa que eu já li.

"Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem. O minuto que vem é forte, jocundo, supõe trazer em si a eternidade, e traz a morte, e perece como o outro, mas o tempo subsiste."

quarta-feira, 19 de maio de 2010

do que eu já não quero mais saber

"As cartas continuam queimando. Eu tentei pensar em Deus. Mas Deus morreu faz muito tempo. Talvez se tenha ido junto com o sol, com o calor. Pensei que talvez o sol, o calor e Deus pudessem voltar de repente, no momento exato em que a última chama se desfizer e alguém esboçar o primeiro gesto. Mas eles não voltarão. Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais."


ABREU, Caio Fernando. Holocausto.


Finalmente acabou. A sensação de que tudo foi deixado pra trás, e que já faz muito tempo, finalmente existe, e não há o que mude. 
Se eu tivesse acabado com isso antes, a dor teria sido menor. 
Se eu não tivesse colocado um ponto final na agonia, eu não saberia o que é estar bem.
Se...se eu não tivesse nascido, nem agonia teria existido - eu odeio subjuntivos. Talvez nesse ponto a gente concorde...será?


Vai, segue seu caminho. Sozinho como sempre. Ou cultivando a mentira de suportar tudo nas costas que você(s) pensa(m) ser verdade. O meu está se fazendo, cada dia com mais promessas pro próximo, cada um com mais promessas pro outro. E a sensação de estar encontrando construindo o melhor caminho, o mais feliz. 
Você não sabe o que é felicidade, não sabe o que é paz. Não sabe simplesfazer as coisas, não sabe nem mesmo se virar. Não sabe ser menos idiota, nem se adaptar. E eu uso toda a sua idiotice que sempre zombou da minha alegria para zombar de você, hoje; você é um exemplo clássico da alienação, da falta de pensamento, um dos motivos da minha desacreditância no homem. Mas sabe porque eu nunca te disse isso? 
Se não há em você a capacidade de pensar assim, não há o que eu diga que te faça pensar diferente.

sábado, 8 de maio de 2010

aula de semântica

É a definição de ser fraco.
A força é gradativa? Ou se é fraco, ou se é forte. Posso ser um pouco fraco, mais forte que ele, mais fraco que ontem, quase forte?

Eu discordo poeticamente quando a senhora diz que semanticamente ou se está vivo ou morto. A senhora não pode por acaso ser mais viva e o outro parecer mais morto? Não, não é auto-ajuda, senão não seria poesia, não é pra se aprender como ser mais forte e/ou mais vivo, não. É que a antonímia polar só funciona mesmo pra quem está mais morto do que os que estão mais vivos. E a senhora parece tão viva...que eu sei que no fundo a senhora concorda comigo.

E a senhora diz, 'mas você ta parecendo uma menina', isso também é polar? Ou eu sou uma menina ou eu sou uma mulher? Posso ser mais mulher do que ontem e menos menina sempre, e posso ser menina só agora? Posso ser fraca, só por hoje, eu juro...Amanhã tudo volta a ser polar. E eu volto a ser forte, e mulher. E resolvida, como a senhora bem gosta de falar.

Ou se chora, ou se ri? Posso chorar, só por hoje, eu juro...Amanhã tudo volta a ser seco.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

e que me aperta o peito e me faz confessar...

Raridade encontrada.
Um dia me perguntaram quem era o maior de todos.
E são as letras detalhadas somadas a acordes complicados, quatro por compasso, criações aos 19 anos, malandragem carioca vencendo a censura, samba, beleza e olhos verdes, envelhecendo com tanto respeito.
Ou as melodias mineiras, e ainda mais mineiras, arranjos trabalhados, a voz de órgão, os olhos tristes e o boné, o boné do maquinista e o dele, os olhos negros, pálpebras e pupilas negras, é emoção, expressão, sentimento, é arrepio.

Não sei. E quero nunca saber, melhor mesmo são os dois juntos.