sábado, 13 de junho de 2009
















Diante desse atípico feriado, celebrado com bastante falta do que fazer e um romantismo não-objetivado pela "ausência de escolha e presença de amor", deixo aqui meu protesto em defesa das comédias românticas idiotas. Ontem eu assisti "Um Lugar Chamado Notting Hill". A propósito, declaro a vergonha de chegar aos dezenove anos assumindo o gosto pelas comédias românticas e nunca ter visto esse clássico.
O fato é que esses filmes, considerados por psicólogos o fim das relações amorosas e por intelectuais o sumo da inutilidade, produzem em nós uma série de sensações (ainda que "desprezo") e por vezes nos fazem realmente acreditar na transferência de uma dessas tramas para a nossa vida, consideradas quaisquer que sejam as razões para isso: afinidade com os personagens, com a história, com a trilha sonora, com os atores, má sorte na própria vida amorosa ou simplesmente o sonho de se enganar dentro do turbilhão de realidade vivido a cada dia.
E a meu ver, essa é a grande importância de filmes surreais e idealizadores, ou passatempos inúteis que não nos fazem pensar sobre nada: não só permitir um escape da vida real, que raramente nos fornece tempo para olhar as coisas mais simples com sua devida simplicidade, como também trazer pra nossa vidinha medíocre e tão fria sensações prazerosas e sempre bem vindas. Apesar de que eu não ando precisando de maiores sensações não...

"O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Dá felicidade, dá dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos
E o mundo todo vira nós dois,
Dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
O Zoom in dá ré e sobem os créditos."

Lá em cima, quatro dos meus preferidos: Sweet Home Alabama, Lisbela e o Prisioneiro (com muitas pontinhas de orgulho), Bridget Jones' Diary e agora também Notting Hill.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

"Eles sabem porquê..."

"O último, complexo, honesto e genuíno amar sem precisar da dor."

Essa talvez seja a melhor definição das minhas últimas 3 semanas, exatamente 25 dias vivendo o irreal. A junção perfeita de todos os tipos de agrados, sem nem sequer um defeito, ou que podem estar simplesmente escondidos por trás dos absurdos acertos, minimamente não calculados. (Vai ver você é realmente só metade isso tudo e a outra metade normal mesmo, quem sabe daqui há dois meses eu não descubra?)

Sair da sua cama às 5:30 todo dia; chorar de rir das bobeiras mais idiotas; ouvir sobre projetos, Parmênides, citações de Jesus Cristo, Merlau-Ponty, fenomenologia, iluminando as manhãs frias do ich; a pronúncia retroflexa alveolar vozeada do R, típica do dialeto caipira, que escapa de leve entre um "porque" e outro; comer macarrão, brigadeiro, tortinha, dogão do felipão, coxinha da pipita e ahhh! fanta laranja!; ouvir 7 cordas finamente tocadas e um timbre gravemente hipnotizante; noites perfeitas que começam com um desmaio e terminam com outro, "samba e amor até mais tarde", "muito sono de manhã"; dias perfeitos que começam com noites especiais, "a nossa cama reclama no nosso eterno espreguiçar", e terminam com as mais sinceras declarações e com os mais íntimos elogios (ou com as mais íntimas declarações e com os mais sinceros elogios, também serve...); borboletas (?) e all stars azuis; os muitos blacks e greens; "livro, música e Chico"; o "desenho" mais transcedental; o sorriso torto e o cavanhaque mais bonitos e uma injeção diária de um sentimento que a felicidade desconhece.

Dias como o de ontem e noites como a de hoje vêm selando essa cumplicidade baseada em (muita) afinidade e desejo, e, juntos, todos explodem numa alegria fora do controle, de forma não invejável somente porque raros são os que têm alguma mísera idéia e são, então, capazes de perceber ou emitir qualquer sentimento.

No mais, pra que céu?

"O ar que trouxe tarde pr'aqui dentro frio
E o guardanapo sujo que foi muito amassado
O som que encheu o quarto vindo do seu riso
E a água que deixou o seu rosto molhado

Eles sabem porquê..."
"Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã
De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna, a nossa cama reclama
Do nosso eterno espreguiçar...
No colo da bem vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira...
Não tenho a quem prestar satisfação."

Ilustrando as últimas 3 semanas...