sexta-feira, 18 de junho de 2010

fez-se, enfim, ao mar, à procura de si mesma.

Há poucos dias li no posfácio do livro "Os Sonhos Não Envelhecem" (de Márcio Borges, sobre o Clube da Esquina e seus personagens) o próprio Milton Nascimento contando um episódio nos EUA, em que alguém diz a ele que fazer arte é tocar a alma de quem não se sabe e nem onde. E eu nunca tinha ouvido nada sobre arte que eu tivesse concordado tanto.
Tive vontade de chorar, como tenho agora, e não simplesmente porque me atinge a metalinguística presente nessa fala e no momento que ela toca a minha alma, mas também porque, dentre tudo o que já foi dito sobre conceituação de arte, essa é a única que me satisfaz. É responder à arte usando a própria arte.

E é isso que eu sinto ao ficar emocionada com a morte do Saramago. É que ele, assim como vários outros, veio, se foi e nunca teve ideia da quantidade de almas que já tocou e das que ainda vai - provável que eternamente - tocar. E eu, daqui de onde ninguém me vê, acrescentaria que é arte tudo aquilo que é eterno. E disso pode ter certeza: meus filhos lerão, meus netos, meus bisnetos, ...
Até que chegue a minha hora, como chegou a sua.

Um comentário:

Mariana Klein disse...

Tomara que nossos filhos, netos e assim por diante, tenham o prazer de ter contato com esses artistas e muitos outros... e que a internet seja, não um instrumento de banalização, mas um facilitador, né!